Site de poesia, pensamentos, análise política e social, polémica, pontos de vista, interrogações e inquietações .
Aparece de quando em vez, sem obrigações calendarizadas .
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O Expresso publicou recentemente na primeira página que o Presidente da República não quer o Chega no Governo .
Trata-se - e está muito longe de ser a primeira vez - de uma notícia "encomendada" por Marcelo Rebelo de Sousa .
Comportamento pouco edificante de quem está em queda livre já há bastante tempo e não consegue emendar-se da prática antiga das diabruras de criança, quando metia medo à avó .
Ao contrário do que a esmagadora maioria pensa, acho que ninguém ganhou as eleições de 10 de Março .
Mas delas terá resultado um aviso muito sério .
Explico :
Embora muitos comentadores euféricos apontem a redução da abstenção em relação a 2022, penso que a comparação deve ir muito mais atrás .
Quando, em 1975, tiveram lugar as primeiras eleições livres depois da queda do regime autoritário votaram mais de 91% dos inscritos nos cadernos eleitorais .
Agora, em 2024, um terço dos potenciais eleitores pura e simplesmente marimbou-se, não indo votar .
Há é que dissecar as causas desse desinteresse .
Para tanto recordo a canção ( a paz, o pão, habitação, saúde, educação ) - onde estão tais promessas e tais desígnios ?
Salvo raríssimas e honrosas excepções, desde o 25 de Abril os sucessivos Governos só têm avançado no seu incumprimento .
Aliás, há uns anos, compus um soneto que permanece hoje em dia tão actual como nessa altura .
Vou transcrevê-lo :
PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS
Alvorada de Abril, que prometia
O crescimento sim, mas sem censura
Alvorada febril, que nesse dia
Nasceu para ficar, límpida e pura .
Alvorada de Abril, mas onde estás ?
Quem te matou e assim te faz negaças ?
Agora as alvoradas surgem más
E poucos as festejam nestas praças .
Acreditaste tanto e afinal
Doente continua Portugal
Sem que se veja ao longe melhoria
Na busca cansativa e dolorosa
Não antevendo cravo ou mesmo rosa
Neste soturno, baço e triste dia .
Voltemos, então, ao sério aviso .
Várias centenas de milhar de eleitores mostraram chocante desinteresse pelo processo eleitoral .
E quando ( ou se ) esses inúmeros desinteressados - em consequência da péssima gestão da Causa Pública - se converterem em revoltados, como muitos já fizeram ?
Estou quase a completar a construção da minha casa de férias no Alentejo .
Mas confesso que sinto um certo receio de ouvir António Costa a dizer a Pedro Nuno Santos para a vir inaugurar em virtude de ser obra sua, como fez recentemente com o futuro hospital de Sintra, cuja construção foi suportada pela autarquia ...
Os lugares de estacionamento pago têm aumentado exponencialmente em Setúbal .
Os parquímetros crescem como cogumelos .
A população queixa-se - se bem que com excessiva calma - e aponta o dedo à autarquia por andar a enriquecer a Datarede .
Só que isso é apenas parte - e nem sequer a mais relevante - da questão .
A Câmara Municipal de Setúbal é ainda mais interessada do que a Datarede na brutal expansão dos parquímetros, pois cobra 50,02% da receita mensal bruta efectuada através deles .
Uma mina de ouro à custa de uma população delapidada !
O PSD, o CDS e independentes formalizaram uma coligação, denominada ( de novo ) "Aliança Democrática", para concorrer às eleições legislativas e às eleições europeias .
Uma opção profundamente errada, na actual conjuntura, do novo ( e medíocre ) presidente do PSD .
Com a deriva do PS de Pedro Nuno Santos para a extrema-esquerda, fazendo "olhinhos" ao BE e ao PCP, era o momento ideal para tentar conquistar votantes do PS nas últimas legislativas, pois poderiam desertar ao ver surgir um PS tão esquerdóide .
Oportunidade perdida por Luis Montenegro ao escolher aliar-se à direita na fase pré-eleitoral .