Os trabalhos ciclópicos de António Costa
São, sem sombra de dúvida, ciclópicos os trabalhos que António Costa tem entre mãos .
Culpa sua .
Depois de comportamentos censuráveis - a defenestração de António José Seguro e a não retirada das devidas consequências ( a demissão pura e simples do cargo de secretário-geral do PS ) da clara derrota eleitoral que sofreu - restava a António Costa a fuga em frente .
Ou, dito de outro modo, a busca da quadratura do círculo .
António Costa encontra-se entre dois caminhos muito dificilmente conciliáveis :
* a apresentação a Cavaco Silva de um acordo com o BE e o PCP ( com o seu acólito, o PEV ) que seja estável, consistente e duradouro e que, desse modo, lhe possibilite vir a ser indigitado 1º Ministro ;
* negociações com os partidos à sua esquerda, alargando-as até ao ponto em que estes considerem que não desvirtuam totalmente os seus princípios programáticos .
Se António Costa apresentar a Cavaco Silva um acordo "poucochinho" sabe que contará com grandes dificuldades na sua aceitação .
Terá assim - funcionando em relação ao BE e ao PCP ( e ao seu acólito, o PEV ) como a UE, o FMI e o BCE fizeram perante o Syriza, obrigando-o a afastar-se da sua matriz originária - que convencer esses partidos a "esquecerem-se" de aspectos primordiais dos seus programas ( ou, pelo menos, a fingirem que se esqueceram deles ) .
Como o mais provável é o fingimento puro e simples, a evolução, mesmo que Cavaco Silva, pouco gostosamente, venha a nomear António Costa 1º Ministro, não augura nada de bom .
Serão admissíveis novos desenvolvimentos no prazo máximo de um ano, pois as contradições dificilmente deixarão de surgir à luz do dia .
Só que, nesse intervalo, muito do que foi conseguido nestes quatro anos de dificuldades e de sacrifícios ter-se-á esboroado sem remédio ...