O Tiririca português continua a fazer das suas
Passados dois dias sobre as eleições na Região Autónoma da Madeira é possível fazer uma reflexão
menos imediatista quanto aos resultados .
Falou-se muito da vitória tangencial de Alberto João Jardim - era esperada uma baixa percentual
significativa, mas a perda da maioria de votantes desmoralizou profundamente o político, como bem
se extraiu do seu triste discurso de " vitória " .
Muito se falou também da grande subida do CDS-PP, devida em especial, na nossa opinião, à acção
conjugada de quatro factores :
a) a deserção verificada nos menos fervorosos seguidores do jardinismo ;
b) a inviabilidade da transferência desses " desertores " para o PS, atenta a baixíssima qualidade do
cabeça de lista desse partido e a péssima campanha que realizou ;
c) a qualidade do 1º candidato do CDS-PP, claro ganhador em mérito relativo, se bem que não sendo
também nada de especial em mérito absoluto ;
d) o temor desse eleitorado flutuante numa viragem à esquerda .
Focada foi ainda a fragorosa derrota do PS, pelas razões já acima expostas, mas que, mesmo assim,
não levou o seu principal responsável à única tomada de posição que seriamente se impunha : a
demissão .
Pouco falado foi o desaparecimento do BE da cena política da região, o que, no entanto, bem se
compreende que tenha acontecido - trata-se da consequência natural do apagamento do Bloco a
nível nacional, na sequência da desastrosa campanha que levou a cabo nas últimas eleições legislativas
gerais . Só que o BE permanece hesitante na dificílima escolha entre substituir uma gestão desacreditada
( mas correndo o risco de, efectuando-a, sofrer uma fragmentação tipo ex-Jugoslávia ) ou insistir no
actual estado de coisas ( continuando com o desenvolvimento da actual queda livre ) . É a complicada
opção de que já falei neste blog em 12 de Junho transacto .
Mas talvez o dado mais significativo tenha sido a triplicação de resultados obtida por José Manuel Coelho,
o Tiririca português, como eu o alcunhei em primeira mão . Resultado dele e não do PTP, pois este partido
nada mais foi do que a nova barriga de aluguer do Coelho . Aliás, como também já tinha referido neste
blog em 2 de Fevereiro deste ano, o José Manuel Coelho pode, dado o capital pessoal de aglutinação de
votantes que possue, dar-se ao luxo de escolher entre as ofertas que lhe são dirigidas .
A próxima Assembleia Regional da Madeira vai ser muito diferente da actual, por variadas razões .
Mas, sendo espectável que o Coelho venha a efectuar formação profissional acelerada aos novos eleitos
que o irão acompanhar na bancada do PTP, " tiriricando-os ", podemos contar com momentos hilariantes
e especiais no hemiciclo, em contraponto à habitual modorra da Assembleia dita da república .