Já se encontra marcada a data do casamento do Príncipe William com Kate Middleton e os
convites para a cerimónia começaram a ser expedidos .
O número de convidados atinge mil e novecentos .
Com tão elevado número compreender-se-á que não refira aqui a lista completa .
Limitar-me-ei, portanto, a informar que os convidados são Lili Caneças, Cinha Jardim, Maya
... e mais mil oitocentas e noventa e sete ilustres personalidades ...
O senhor engenheiro relativo José Sócrates, Primeiro-Ministro para mal dos nossos pecados, tem-se
multiplicado em auto-elogios pela redução do déficit orçamental verificada em Janeiro de 2011 .
Pena é que não aprofunde essa análise, reconhecendo só ter conseguido esse " brilhante " resultado
( apesar de ter aumentado a despesa pública ) em virtude do agravamento da carga fiscal que fez
incidir sobre os portugueses, nem sequer excluindo - antes privilegiando nesse mau sentido - as
camadas com menor poder de compra .
A República instalou-se pela força em 1910 e apenas admite ser substituída por outro regime
desde que seja utilizado o mesmo método .
Com efeito a antidemocrática Constituição da República Portuguesa estabelece na alínea b) do
artº 288º que " as leis de revisão constitucional terão que respeitar a forma republicana de
governo . "
Trata-se de um belo exemplo de democracia ...
Os cem anos da República foram, num período de forte contenção orçamental, comemorados
com um gasto de dez milhões de euros .
A minha primeira reacção a esse esbanjamento foi de incredulidade, face à discrepância com
as enormes restrições impostas aos estratos de menores rendimentos do povo português .
Tratava-se, contudo - devo confessá-lo -, de uma posição resultante do meu desconhecimento
quanto aos enormes benefícios e às extraordinárias realizações da 1ª República .
Entendi dever estudar a matéria e conheço agora todas essas meritórias acções .
Realmente o período subsequente ao 5 de Outubro de 1910 merece ser recordado, pelo que
venho seriar seguidamente, embora não esgotando a panóplia das realizações da República,
algumas das que tenho como mais relevantes . Assim :
- o sufoco da vida pública pelo monopolista e radical Partido Republicano Português ;
- a não admissibilidade de alternância no poder para a clique que dominava o PRP ( Manuel
de Arriaga, que assim não pensava, foi forçado a resignar em 1915 ) ;
- a instauração de um regime intolerante e violento, que excluia e perseguia aqueles que
professassem outras ideias ;
- a retirada do direito de voto a centenas de milhar de portugueses, direito que possuiam
no tempo da Monarquia ;
- guerra sem quartel à Igreja Católica ;
- destruição em 1911 dos jornais não afectos ao regime em Lisboa ;
- exclusão de mulheres do direito de voto ;
- genocídio de populações no sul de Angola em 1915 ;
- imposição da entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial, com um número elevadíssimo de
mortos ;
- a maior repressão de todos os tempos feita ao movimento sindical ;
- a reinstauração ( parcial ) da pena de morte, que tinha sido abolida em Portugal em 1867,
abolição essa que tinha merecido entusiásticos encómios de elevadas figuras internacionais .
Com tão grande volume de meritórias realizações por parte da 1ª República bem justificado
fica o elevado gasto nas comemorações, pese embora a situação de constrangimento orçamental
em que Portugal está vivendo .
Por certo mesmo aqueles que nos tempos que correm suam as estopinhas para conseguir sobreviver
não deixarão de reconhecer que era imperioso comemorar tão egrégias realizações da 1ª República ...
As minhas previsões parecem estar já a confirmar-se .
Segundo afirmou José Manuel Coelho o PS ter-lhe-á feito uma sondagem para integrar as listas
do partido nas próximas eleições legislativas regionais .
Por seu turno o PS referiu que não terá sido bem assim, mas não negou categoricamente os
contactos ...
É, portanto, a multiplicação das " barrigas de aluguer " .
Esta realidade, de certo modo lamentável, é uma consequência da democracia apenas parcial
que se encontra implantada em Portugal .
Com efeito, na eleição para Presidente da República os cidadãos concorrem individualmente
( embora saibamos bem - e os exemplos de alguns anteriores Presidentes são elucidativos a
esse propósito - que quase nunca se conseguem dissociar da sua " famiglia " política ; daí ser
evidente a superioridade da Solução Real, inequivocamente autónoma e acima dos partidos,
apenas norteada pelo superior interesse nacional ) e nas eleições autárquicas podem concorrer
grupos de cidadãos, não enquadrados em forças partidárias .
Nada disso contraria a verdade elementar de que não há democracia sem a existência de
partidos políticos .
Só que os partidos políticos NÃO ESGOTAM a democracia .
E a verdade - lamentável, repete-se - é que a legislação eleitoral em Portugal, em sede de
eleições legislativas ( claramente as mais importantes de todas ) concede aos partidos políticos
a EXCLUSIVIDADE da representação dos eleitores .
A Assembleia da República é uma COUTADA dos partidos políticos .
E é injusto - e, mais do que isso, até imoral - acusar o povo de escolher mal e de votar sempre
nos mesmos, quando são esses " mesmos " que impedem o alargamento das opções ao dispor
dos eleitores .
Menos opções, mais desinteresse, maior abstenção, descredibilização da democracia .
E, quando aparece um potencial conquistador de votantes surgem, como abutres, os partidos,
detentores em exclusividade da capacidade eleitoral, a oferecerem-se como " barrigas de aluguer " .
Este espectáculo deprimente só poderá ser superado quando se abrir à sociedade civil, em
igualdade com os partidos políticos, a possibilidade de concorrer às eleições legislativas .
Com isso reforçar-se-á a legitimidade democrática, abrir-se-ão novas escolhas aos cidadãos,
crescerá a participação nos actos eleitorais e reduzir-se-á a abstenção para níveis que não
justifiquem a actual preocupação .
E ficarão mortas e enterradas as " barrigas de aluguer " .