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Chaise-Longue

Site de poesia, pensamentos, análise política e social, polémica, pontos de vista, interrogações e inquietações . Aparece de quando em vez, sem obrigações calendarizadas .

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Será que a "partidarite" vai atingir o nível mais baixo de sempre ? ( Adenda )

O risco que descrevi no meu anterior texto era, como agora se verifica, bem real .

Para evitar a consequência que referi como possível os partidos tiveram que, mais ou menos à

última da hora, encenar um número de trapézio, dividindo as resoluções que continham considerandos

políticos impeditivos de um amplo consenso, de molde a que a 1ª parte fosse votada por todos e se

tornasse irrelevante para o fim em vista o chumbo da 2ª parte .

Um raro momento de lucidez, mas que muito tardou .

Será que a "partidarite" vai atingir o nível mais baixo de sempre ?

Não sei o que se irá passar amanhã na Assembleia da República na discussão do PEC 4 .

É notório que todos os partidos com assento parlamentar ( com excepção do partido do

Governo ) estão contra o PEC 4 ou, pelo menos, contra a "metodologia" ( termo suave ... )

da sua apresentação .

Também parece que o BE, o CDS, o PCP e o PSD irão apresentar resoluções criticando as

soluções penalizadoras contidas no Plano de Estabilidade e Crescimento ( é verdade, o

termo "crescimento" permanece no PEC 4 ... ) .

Apesar disso interrogo-me se não se virá a tratar apenas de pura encenação .

As diversas resoluções, ancoradas em conteúdos ideológicos redutores, não terão

provavelmente capacidade para aglutinar as várias oposições .

Assim, as chamadas ( por vezes bem impropriamente ... ) esquerdas não aprovarão as

resoluções dos partidos que alcunham de direita .

E estes por certo também não aderirão a conteúdos que visem estender a eles ( maxime

ao PSD ) os malefícios do desgoverno socialista .

Se assim vier a acontecer - e não é de todo em todo inviável que assim seja - a "partidarite"

atingirá o nível mais baixo desde 1974, com cada um dos partidos entrincheirados nas suas

respectivas "quintinhas" .

E tudo não terá passado de uma execrável farsa .

A manifestação da(s) geração (ões) à rasca

Acompanhei com atenção e curiosidade a manifestação da(s) geração(ões) à rasca .

Impressionou-me particularmente a independência e o não seguidismo dos organizadores, os

quais se mostraram imunes às tentativas de instrumentalização dos "penetras" do costume

( PCP e BE ) .

Na manifestação surgiram alguns cartazes muito interessantes .

Assinalo em especial um, ao qual acho ter apenas faltado uma palavra para merecer o epíteto

de insuperável .

Foi o cartaz que dizia :

" ELES É QUE VIVEM ACIMA DAS NOSSAS POSSIBILIDADES " .

Que espectacularidade seria a desse cartaz se tivesse sido redigido assim :

" Eles é que vivem MUITO acima das nossas possibilidades " .

Que tal ?

O reactor nuclear sui generis de Portugal

Portugal já tem um reactor nuclear muito especial : a política .

Com efeito o Governo e o Partido Socialista provocaram, com a sua atitude de menosprezo ( ou

melhor dizendo de desprezo ) pelo Presidente da República, pela Assembleia da República e pelos

partidos nela representados, um verdadeiro terramoto político, seguido de um tsunami de grande

amplitude .

Com isso foi profundamente abalado e abriu grandes fissuras o reactor nuclear da política portuguesa .

Acresce que o PSD não se mostra, com toda a legitimidade, disponível para arrefecer a estrutura do

reactor, condição sine qua non para que não ocorra o seu rebentamento .

Há apenas uma diferença e bem significativa - enquanto que no Japão o país e os seus habitantes

sofrem e combatem o problema, em Portugal pode constituir uma verdadeira benção o rebentamento

deste reactor nuclear sui generis que é a política lusa na sua actual e condenada versão .

O Estado Português não é uma pessoa de bem - As pensões de aposentação e de reforma em tratos de polé

O Estado Português realmente não é uma pessoa de bem .

Para assim concluir basta compararmos o seu comportamento em matéria de pensões de

aposentação dos trabalhadores da administração pública e de reforma da segurança social

com o que se passa, por exemplo, na Confederação Helvética .

Nesta, com efeito, não se enganam os beneficiários, ao contrário do que sucede em Portugal

com o Governo " sucialista " - os beneficiários lá são alertados para o facto de não existirem

reformas públicas de montante superior a 1700,00 € .

Caso os beneficiários entendam que tal montante virá a ser-lhes insuficiente no futuro, existem

mecanismos complementares ( aliás há PPR's obrigatórios ) que permitem majorar a pensão -

são os chamados 2º e 3º pilares .

As regras do jogo estão claramente definidas : o Estado não engana ninguém, mas, para além

disso, faz apelo ao sentido de responsabilidade dos beneficiários, levando-os a pensar no futuro .

Em Portugal, ao invés, faz-se acreditar aos beneficiários que ao descontar sobre a totalidade das

remunerações auferidas e ao conhecerem a forma de cálculo existente lhes estará assegurada

uma reforma minimamente satisfatória .

Só que, depois do " jogo " ter começado, alteram-se unilateralmente as regras, prejudicando-se

os beneficiários numa ou em várias vertentes :

* mudando a forma de cálculo da pensão, através da ampliação do número de anos com registo

de retribuições a utilizar para o efeito ;

* subindo a idade para acesso à pensão sem suportar penalizações ;

* reforçando as penalizações em caso de acesso à pensão antecipada ;

* aumentando uma e outra vez a carga fiscal incidente sobre as pensões ;

* suspendendo a actualização anual das pensões ;

* etc., etc., etc.

Trata-se - é lamentável mas também é indiscutível - de um Estado predador e flibusteiro .

" Aquilo " a que alguns " iluminados " teimam em chamar de poesia do século XXI

Tenho continuado a ler bastantes livros .

Nos últimos tempos foram vários livros de poesia e também alguns poemas avulsos

salientados por júris de atribuição de prémios .

E dessas leituras resultou de forma cuiosa a recordação dos meus tempos de estudante

de Coimbra .

É que quando da minha " queima do grelo " - fase imediatamente antecedente à colocação

das fitas largas do último ano do curso - incumbi de uma missão o caloiro que segurava o

" penico " onde o " grelo " iria ser queimado .

Viviam-se nessa época práticas de " praxe " interessantes, integradoras e sem pulsões

negativas .

O caloiro estava de certo modo já por mim pré-seleccionado mas eu tive por conveniente

submetê-lo a um teste final, antes de o " admitir " de modo definitivo .

Daí ter-lhe dito :

O animal vai ter que elaborar um texto de reflexão sujeito ao seguinte tema - " A

influência das questões transactas nos casos correlativamente hipotéticos . "

Vá, desenrasque-se : tem trinta minutos para mostrar o que vale !

Como se verifica o tema tinha características herméticas, mas a verdade é que o

caloiro desenrascou-se bastante bem - aliás, é possível que tenha descoberto então

a sua especialidade futura, uma vez que presentemente é um reputado médico psiquiatra .

Tal hermetismo veio-me ao espírito exactamente quando lia esses recentes livros de

poesia .

Só que há uma diferença essencial : na " praxe " brincava-se, mas a poesia é uma arte

muito séria .

E ao ver o hermetismo poético que hoje merece tantas loas, interrogo-me quanto ao

modo como seriam tratados na actualidade

    * sonetistas extraordinários como Antero do Quental, Bocage ou Florbela Espanca

    * poetas de uma musicalidade extrema e de um perfume inebriante como Cesário

Verde ou de uma intensidade telúrica como Miguel Torga .

Que saudades de António Gedeão, de António Nobre, de Augusto Gil, de Bernardim

Ribeiro, de Dom Dinis, de Fernanda de Castro, de Fernando Pessoa, de Frei Agostinho

da Cruz, de João de Deus, de José Duro, de José Régio, de Luis de Camões, de Sá de

Miranda, de Sebastião da Gama, de Teixeira de Pascoais e de tantos outros !

POESIA, REGRESSA !!!

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