Embora sabendo-se que Muammar Kadhafi era um ditador feroz e fora um terrorista de alto
coturno, a sua execução sumária ( o seu assassinato ) não augura nada de bom para a Líbia .
Os rebeldes vencedores - graças à ajuda da NATO, uma vez que sem ela muito provavelmente
não teriam conseguido derrubar Kadhafi - mostraram-se afinal " dignos " do ditador, por capazes
de utilizar os mesmos " métodos " .
Reduziram assim drasticamente o seu capital de confiança e criaram anticorpos numa sociedade
complexa e multifacetada .
Terá a Líbia, depois deste deplorável comportamento do novo poder, capacidade para aglutinar
tribos e facções e para não sofrer retaliações por parte dos saudosos de um ditador que - há que
reconhecê-lo - garantiu ao povo líbio progressos sociais significativos, em especial nas áreas da
saúde e da educação ?
O risco de uma guerra civil ou do eclodir de lutas tribais não são puras inviabilidades na era que
se seguirá ao apagamento físico de Kadhafi .
Verifiquei sem estranheza ( já me habituei a ver que os políticos são generosos em extremo para
consigo próprios ... ) mas com repúdio que as pensões de titulares de cargos públicos não vão
sofrer qualquer redução no ano de 2012 .
O raciocínio desenvolvido para justificar esse tratamento favorável - recebimento apenas de 12
meses por ano, ao contrário da generalidade dos pensionistas que recebe 14 meses - é desonesto
e não resiste a breves momentos de análise .
Um pensionista normal recebe 14 meses/ano ao fim de 40 anos de descontos, ou seja 0,35 meses
por ano de descontos .
Um antigo titular de um cargo político recebe 12 meses/ano ao fim de 8 ou de 12 anos de descontos,
ou seja 1,5 meses ou 1 mês por ano de descontos .
Está assim CLARA E CHOCANTEMENTE BENEFICIADO em relação à generalidade dos pensionistas .
Mesmo aceitando-se esse injusto benefício não é admissível que tal tratamento de favor seja ainda
alargado .
Há que efectuar, portanto, uma redução nos rendimentos desses privilegiados .
Tendo as pensões mais elevadas sofrido uma quebra anual de 14,28% ( 2 meses em 14 ) considero
plenamente justificado que os antigos titulares de cargos políticos que recebem uma pensão paga
12 vezes por ano sofram uma redução de 1,71 meses dessa pensão, pois 1,71:12=14,25% .
É altura de deixar de ser só o " mexilhão " a pagar !
Passados dois dias sobre as eleições na Região Autónoma da Madeira é possível fazer uma reflexão
menos imediatista quanto aos resultados .
Falou-se muito da vitória tangencial de Alberto João Jardim - era esperada uma baixa percentual
significativa, mas a perda da maioria de votantes desmoralizou profundamente o político, como bem
se extraiu do seu triste discurso de " vitória " .
Muito se falou também da grande subida do CDS-PP, devida em especial, na nossa opinião, à acção
conjugada de quatro factores :
a) a deserção verificada nos menos fervorosos seguidores do jardinismo ;
b) a inviabilidade da transferência desses " desertores " para o PS, atenta a baixíssima qualidade do
cabeça de lista desse partido e a péssima campanha que realizou ;
c) a qualidade do 1º candidato do CDS-PP, claro ganhador em mérito relativo, se bem que não sendo
também nada de especial em mérito absoluto ;
d) o temor desse eleitorado flutuante numa viragem à esquerda .
Focada foi ainda a fragorosa derrota do PS, pelas razões já acima expostas, mas que, mesmo assim,
não levou o seu principal responsável à única tomada de posição que seriamente se impunha : a
demissão .
Pouco falado foi o desaparecimento do BE da cena política da região, o que, no entanto, bem se
compreende que tenha acontecido - trata-se da consequência natural do apagamento do Bloco a
nível nacional, na sequência da desastrosa campanha que levou a cabo nas últimas eleições legislativas
gerais . Só que o BE permanece hesitante na dificílima escolha entre substituir uma gestão desacreditada
( mas correndo o risco de, efectuando-a, sofrer uma fragmentação tipo ex-Jugoslávia ) ou insistir no
actual estado de coisas ( continuando com o desenvolvimento da actual queda livre ) . É a complicada
opção de que já falei neste blog em 12 de Junho transacto .
Mas talvez o dado mais significativo tenha sido a triplicação de resultados obtida por José Manuel Coelho,
o Tiririca português, como eu o alcunhei em primeira mão . Resultado dele e não do PTP, pois este partido
nada mais foi do que a nova barriga de aluguer do Coelho . Aliás, como também já tinha referido neste
blog em 2 de Fevereiro deste ano, o José Manuel Coelho pode, dado o capital pessoal de aglutinação de
votantes que possue, dar-se ao luxo de escolher entre as ofertas que lhe são dirigidas .
A próxima Assembleia Regional da Madeira vai ser muito diferente da actual, por variadas razões .
Mas, sendo espectável que o Coelho venha a efectuar formação profissional acelerada aos novos eleitos
que o irão acompanhar na bancada do PTP, " tiriricando-os ", podemos contar com momentos hilariantes
e especiais no hemiciclo, em contraponto à habitual modorra da Assembleia dita da república .
O Governo PSD/CDS tornou pública a auditoria às contas da Região Autónoma da Madeira dentro
do prazo a que se tinha comprometido .
E fê-lo sem se orientar por razões de baixa política, como seria se a auditoria em causa apenas
viesse à luz do dia depois de realizadas as eleições na Madeira .
É uma significativa mudança de comportamento face às práticas do Governo anterior, mudança
essa que não pode deixar de ser assinalada e aplaudida .