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Chaise-Longue

Site de poesia, pensamentos, análise política e social, polémica, pontos de vista, interrogações e inquietações . Aparece de quando em vez, sem obrigações calendarizadas .

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Austeridade ou Nostalgia ?

A Porto Editora tomou a iniciativa da realização de uma votação para encontrar a palavra que os portugueses

tivessem por determinante no ano de 2011 .

A palavra mais votada foi " Austeridade " .

Na semana passada parei num semáforo, em Lisboa, e ao meu lado, noutra viatura, estava um amigo que já

não via há imenso tempo .

Abrimos os vidros ( hoje em dia isso não é a complicação de antanho, quando tínhamos que dar ao manípulo ... )

e disse-lhe :

Então ? Austeridade ?

Resposta ( breve ) do amigo :

Austeridade ? Não ! Nostalgia !

Só que o sinal abriu, passando a verde, e não nos foi possível aprofundar o assunto .

Fiquei a pensar - Nostalgia ? Mas de que tipo ?

Será que o meu amigo tem nostalgia :

* do 1º de Maio de 1974, único realmente unitário, pois logo se intuiu a intenção do PCP de monipolizar o tema ?;

* da preparação das " mocas " em Rio Maior, na antecâmara da resistência a um novo autoritarismo, de sinal

contrário mas bem mais brutal ?;

* do escancarar dos portôes de Caxias ?;

* da homenagem de milhares de trabalhadores agrícolas do distrito de Beja a Marcelo Caetano, ofertando-lhe as

mais variadas prendas durante horas e horas ?;

* dos cravos, antes de murcharem ?;

* da segurança e da tranquilidade de há quarenta anos atrás ?;

* do entusiasmo do povo na altura da revolução, entusiasmo que só tem estiolado ao longo dos anos ?;

* de um tempo de vida apenas remediada ou mesmo pobre, mas no qual se tinha a noção de progresso, lento mas,

de certo, modo garantido ?;

* de uma imprensa, de uma rádio e de uma televisão livres e independentes, como se perspectivou após o 25 de

Novembro de 1975, mas que, no presente, se encontram mais enfeudadas ao poder político e, em especial, ao poder

económico do que antes ?;

* de gente trabalhadora que mourejava anos e anos até conseguir amealhar uns tostões para garantia de uma velhice

modestamente tranquila, ao invés das actuais fortunas alcançadas em meia dúzia ( ou menos ) de anos ?;

* de um sentido de serviço público que era a regra quando hoje em dia é raríssima excepção ?;

* de, de, de ?.

Vamos ver se encontrarei de novo esse meu amigo num semáforo, em Lisboa . Se o vermelho se mantiver durante

algum tempo, talvez seja possível eu ver esclarecidas as minhas interrogações ...

Privatizações ou nacionalizações de pendor antidemocrático ?

Revestiu facetas muito curiosas a recente ( chamada ) privatização de 21,5% do capital da EDP .

O objectivo era transferir para a iniciativa privada a parcela da empresa que ainda permanecia nas

mãos do Estado .

Só que o resultado foi substancialmente diferente, pois o que sucedeu foi a transferência dessas acções

de um Estado de linha democrática para um Estado totalitário .

É a economia, estúpido - como no slogan da campanha de Bill Clinton à presidência dos EUA .

Nada inesperado e estranho, atento o passado de Portugal .

Realmente o nosso País, em todos os seus frequentíssimos momentos de crise, sempre encontrou no

exterior e nunca dentro dele próprio ( com a única excepção do eleito Maior Português de Sempre ) as

soluções .

Foram os Descobrimentos,com o desenvolvimento do comércio dai resultante .

Foi o Brasil, com o ouro e as pedras preciosas .

Foi a União Europeia, com os Fundos Europeus infelizmente bastante mal aproveitados .

E agora o Eldorado é a China, pelo menos enquanto nela não rebentar, com estrondo, a bolha imobiliária .

Nos próximos tempos vão chegar a Portugal resmas de charters, não com jogadores para o Sporting, mas

antes carregadinhos de yuans ...

 

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