Parece que na União Europeia também há uns países mais iguais do que outros
A "novela" da ajuda a Espanha, apesar de alguns desenvolvimentos entretanto ocorridos, permanece
nebulosa e faz com que subsistam algumas dúvidas quanto a um certo tratamento de favor a esse
país por parte da UE .
Compreendeu-se desde o primeiro momento que o governo espanhol tinha em vista fugir à figura do
RESGATE como o diabo da cruz . E, para tanto, foi sempre argumentando que se tratava de uma ajuda
restringida à banca, não abrangendo o Estado espanhol .
Com isso parece ter obtido condições mais suaves do que aquelas que foram aplicadas à Irlanda, à Grécia
e a Portugal, não tendo surgido como contrapartida inevitável ao empréstimo a adopção de novas medidas
de austeridade .
Mas continuam a ser legítimas algumas dúvidas, mais parecendo que a UE "inventou" uma nova figura, de
molde a isentar a Espanha da carga negativa da figura do resgate .
Só que compreende-se pouco bem que a ajuda efctivamente se apresente como restringida à banca quando :
a) o FMI ficou encarregado de supervisionar o plano de ajuda, sendo o Reino de Espanha o garante directo
do reembolso do montante concedido ;
b) estimando o governo espanhol que as necessidades para saneamento da banca sejam da ordem dos quarenta
mil milhões de euros a verdade é que o valor a receber pode atingir os cem mil milhões de euros ;
c) a Espanha recebe uma comissão pela entrega de verbas aos bancos, o que comprova que o montante concedido
o foi ao país e não directamente à banca ;
d) quando noutros países - como foi o caso de Portugal - o montante concedido não apresentava qualquer folga,
antes se configurando desde logo como "curto", no caso de Espanha a magnanimidade do Eurogrupo faz pensar .
Faz pensar que, sendo a Espanha o quarto país mais relevante da UE, se tratará, ao fim e ao cabo,de um exemplo
da Europa a Duas Velocidades que Angela Merkel não se coibe de apontar, de quando em vez, como solução para
os problemas da União ...