José Pacheco Pereira escreveu na revista Sábado :
" Já repararam que quando alguém critica o Governo, seja um bispo, um responsável desportivo,
um empresário vermelho, um chefe dos bombeiros, um autarca mais atrevido, 24 horas depois
aparece alguma notícia danosa, verdadeira ou falsa, populista ou insidiosa, a atacar a sua reputação
e os seus motivos ?
Os homens livres deveriam preocupar-se com a coincidência . "
Por minha parte acrescento que os homens inteligentes sabem que, no plano da estratégia, a melhor
defesa é o ataque .
E JPP também o sabe, só que a sua fúria anti-tudo embota-lhe a inteligência .
São sobejamente conhecidas as capacidades políticas do dr. Paulo Portas .
No actual desempenho do cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros - cargo que tanto desejou
e que, ao fim e ao cabo de complexas negociações, conseguiu obter no Governo de coligação - é
vê-lo "emergir" quando se encontra ( com enorme frequência ) no estrangeiro ajudando a difundir
a "Marca Portugal" e "submergir" quando no país se começa a falar do risco e da hipótese de um
novo aumento nos sacrifícios pedidos aos portugueses .
E também "submerge", como se não integrasse o actual Governo, quando se desloca às Regiões
Autónomas dos Açores e da Madeira, seja em férias ou em trabalho partidário de um verdadeiro
lider da oposição .
No dia 2 do corrente mês o dr. Paulo Portas, na qualidade de membro do actual Governo como
Ministro dos Negócios Estrangeiros, teve um almoço de trabalho com o dr. António José Seguro,
secretário-geral do PS, maior partido da oposição .
A generalidade dos órgãos de informação referiu-se ao evento considerando que o seu objectivo,
nma altura em que são notórias algumas fissuras no relacionamento entre o Governo e o Partido
Socialista, foi o de construir pontes entre esses parceiros, de molde a que, na importante visão a
transmitir para o exterior, continuem a surgir os partidos do "Arco da Governação" ( com 75% a
80% dos votos ) como unidos no desígnio comum de recuperar Portugal .
Considero essa visão excessivamente redutora e injusta para o dr. Paulo Portas, não reconhecendo
todas as suas enormes capacidades negociais e a sua inegável competência para construir pontes .
É que, para além da "ponte" para manutenção do diálogo ( indispensável na actual conjuntura )
entre o Governo e o PS, o dr. Paulo Portas ( que tem uma sagaz visão de longo prazo e não brinca
em serviço ) pode ter começado, com pezinhos de lã, a construir uma nova "ponte" a utilizar - a
inclusão do CDS num futuro Governo de coligação, no caso de o PS, nas próximas eleições, ganhar
sem maioria absoluta .
O futuro o dirá !
Na sequência dos comentários que produzi ontem venho aditar mais alguns elementos que reforçam
o meu entendimento sobre a performance dos atletas portugueses que foram até Londres .
Decidi, neste desenvolvimento, analisar a relação medalhas alcançadas ( independentemente do seu
tipo ) / número de atletas nos sete países mais medalhados e comparar essa relação com a de Portugal .
Assim :
1 - EUA - 447 atletas e 104 medalhas : 1 medalha por 4,39 atletas ;
2 - China - 396 atletas e 87 medalhas : 1 medalha por 4,55 atletas ;
3 - Rússia - 436 atletas e 83 medalhas : 1 medalha por 5,25 atletas ;
4 - Alemanha - 276 atletas e 44 medalhas : 1 medalha por 6,27 atletas ;
5 - Grã Bretanha - 488 atletas e 65 medalhas : 1 medalha por 7,5 atletas ;
6 - Japão - 300 atletas e 38 medalhas : 1 medalha por 7,89 atletas ;
7 - Austrália - 410 atletas e 35 medalhas : 1 medalha por 11,71 atletas .
Quanto a Portugal, como sabemos, a relação foi de 1 medalha por 77 atletas, pelo que julgo dispensáveis
mais comentários .
Acrescento apenas que o número de atletas de cada uma das sete nações mais medalhadas foi por mim
recolhido em vários sites e pode, eventualmente, apresentar pequenas diferenças para a realidade, em
especial se algum desses países, à última da hora, "repescou" algum atleta para os Jogos .
Como, por exemplo e infelizmente, fez Portugal com um maratonista que, apesar de todo o seu esforço,
concluiu a prova com o seu melhor resultado da época (duas horas, dezanove minutos e alguns segundos !),
apenas três minutos e vinte e sete segundos melhor do que a vencedora da maratona feminina .
Isto diz bem dos "apertados" critérios de selecção do Comité Olímpico Português !...
Embora a priori não fossem de esperar resultados espectaculares por parte dos 77 ( !!! ) participantes
portugueses nos Jogos Olímpicos de Londres a verdade é que as performances obtidas deixaram imenso
a desejar .
Também é facto que muitos dos seleccionados do nosso país nem sequer aos Jogos deviam ter ido,
tornando-se desejável que, para futuro, o Comité Olímpico Português seja mais "apertado" nas marcas
minimas de participação .
Se há restrições em tudo no momento actual em Portugal, o sector desportivo não deve ser excepcionado
nessa matéria .
Espera-se, portanto, que para os Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil o COP actue como acima preconizo e
que só sejam seleccionados atletas com mínimo olímpico A .
Realmente, investir mais de quinze milhões de euros para uma medalha é muito caro !!!
Para além disso, contudo, entendo que o comentário mais actual não surgiu sequer à luz do dia, esquecido
no meio das 1482 referências elogiosas à única medalha ( e de prata ) conquistada por Portugal - e não
deixa de ser curioso que essa medalha tenha sido conquistada na canoagem, uma modalidade que é
parente pobre nos apoios mas os reproduz como nenhuma outra .
É que os canoistas Emanuel Silva e Fernando Pimenta, medalhados de prata em K2, conseguiram evitar que
Portugal, em todas as suas participações olímpicas, nem sequer conseguisse obter mais medalhas do que um
único participante ( Michael Phelps ) em apenas três olimpíadas ...
Sintamo-nos gratos a esses atletas por terem conseguido impedir tal vergonha .
Tendo como pano de fundo a licenciatura supersónica de Miguel Relvas teci considerações neste blog
em 5 e 10 de Julho de 2012 desenvolvendo a ideia de que Portugal é um país de "doutores" .
Longe estava, porém, de supor que, pouco tempo depois, um Estudo sobre Níveis de Escolaridade em
países da OCDE ( 2004-2009 ) viria confirmar em absoluto essa minha impressão .
Os dados da OCDE são impressionantes :
a) na população entre os 25 e os 34 anos a taxa de escolaridade no total dos países era, no secundário,
de 78,7%, enquanto que em Portugal não ultrapassava uns míseros 44,3% ;
b) em contraponto, o número de graduados ( doutorados ) em percentagem da população na idade típica
de graduação mais frequente ( 30 a 34 anos ) era apenas de 0,9% no total dos países da OCDE, saltando
de forma espantosa para o triplo ( 2,7% ) em Portugal .
Ora digam lá se este cantinho ocidental da Europa não é na verdade um país de "doutores" ...