O reaparecimento do senhor Pinto de Sousa, rotulado pelo hilariante Alberto da Ponte como
serviço público, apresentou os ingredientes que eram previsíveis : dissimulações, verdades
por metade e falsidades absolutas .
Tudo com a roupagem habitual de sobranceria, altivez e incapacidade para reconhecer os
próprios erros, perante uns entrevistadores mal preparados, atentos, veneradores e obrigados .
A dissimulação começou logo com a sonegação do Mercedes topo de gama, mantido longe da
ribalta, surgindo o senhor Pinto de Sousa numa viatura de classe média, segundo consta
adequadamente alugada para a encenação .
Depois, durante a entrevista ( que o não foi, antes um monólogo laudatório ), o senhor Pinto
de Sousa proferiu falsidades com descontração absoluta, como quando declarou que, durante
três anos, os funcionários públicos não tinham sido aumentados ( procurando, desse modo,
alinhar uma justificação pífia para a enorme actualização salarial efectuada em ano de eleições,
embora já fosse evidente a crise financeira ) .
Falsidades entremeadas com meias verdades quando, por exemplo, escondeu despesas que
não liquidou, transferindo-as para o futuro e "entregando-as" no regaço de quem lhe sucedeu .
São apenas exemplos, pois muitos mais houve .
Apesar de tudo isto o inefável Soares, esquecendo que há anos atrás tinha dito que Sócrates
era o pior do guterrismo, veio louvar a performance do senhor Pinto de Sousa .
Mas nem tudo foi negativo : o senhor Pinto de Sousa, com a encenação do seu espectáculo,
conseguiu converter o "com a verdade me enganas" no "com a mentira não me enganas tu" .
Ao menos valha-nos isso !
Confesso que fiquei siderado ao ler há dias que Mário Soares - na sequência da notícia de que o PGR
de Angola se encontrava a ser investigado em Portugal e do violentíssimo editorial que em seguida
surgiu no Jornal de Angola - se tinha manifestado disponível para ajudar a melhorar as relações entre
Portugal e Angola, defendendo o investimento angolano no nosso país .
A sede de protagonismo de MS está inscrita de forma indelével no seu ADN e, por assim ser, impede-o
inúmeras vezes de raciocinar com frieza e de medir correctamente o sentido e o alcance das afirmações
que produz .
Todos sabemos em Portugal - e Angola sabe-o ainda muito mlhor do que nós - que a família Soares
foi apoiante visível, confessada ( e quiçá inconfessada ) de Jonas Savimbi .
E, tendo-o sido, é de clareza meridiana que MS não tem qualquer margem de manobra para intermediar
contactos com Angola, tendo em vista descomprimir o mal estar existente - mal estar que, aliás, Soares
empola, de molde a justificar o seu oferecimento para esvaziar o balão da crise .
Os portugueses estão mais do que fartos de Mário Soares .
Daí que apeteça a muitos dirigir-lhe, adaptada, a frase histórica :
Até quando, Mário, abusarás da nossa paciência ?
Assistimos na passada terça-feira a um magnífico jogo de futebol .
Um jogo que foi, também, uma cabal demonstração de capacidade táctica de dois grandes treinadores .
Ferguson montou uma teia - predominantemente defensiva - para condicionar e controlar o jogo do RM,
tanto mais que estava em vantagem com o golo marcado fora de casa . Teia essa que ainda reforçou
quando lhe caiu do céu um golo, marcado na própria baliza por aquele ( Sérgio Ramos ) que , ao longo
da época, tem sido um dos menos positivos jogadores do Real .
Já Mourinho reagiu, no segundo imediato ao da expulsão de Nani, reformulando ofensivamente a equipa
e partindo para a reviravolta .
Mas o mais curioso deu-se no final do jogo quando Mourinho produziu afirmações que nele não são habituais :
* no caso da expulsão de Nani um amarelo teria sido mais justo ;
* se o jogo se mantivesse com onze contra onze o Real Madrid não teria ganho;
* o Manchester United foi a melhor equipa no terreno .
Afirmações estranhas ? Talvez nem tanto ...
Pensamos que poderão ter sido afirmações inteligentes, preparando o futuro .
Futuro que, mais ano menos ano, não nos admiraremos que passe mais pelo Manchester United do que
pelo Chelsea ...
Li - Negócios Online - que o Governo se encontra a preparar o corte das pensões vitalícias de políticos .
A notícia acrescentava ainda que a proposta seria apresentada à TROIKA na 7ª avaliação do programa
de ajustamento português e que, além das reformas dos políticos, estariam ainda em causa as pensões
pagas pelo Banco de Portugal e pela Caixa Geral de Depósitos .
Referia-se também que os Ministros das Finanças e da Segurança Social iriam propor à TROIKA cortes
nas pensões de valor superior a 5000,00 € mensais e que tivessem resultado de carreiras contributivas
curtas .
Como justificação para a preparação do corte assinalava-se que no ano em curso o Governo prevê gastar
6,4 milhões de euros com reformas vitalícias .
Li a notícia, achei-a curiosa e pensei mesmo para com os meus botões :
Ora até que enfim que se começa a pensar em cortar onde se deve !
Mas depois "temperei" esse meu começo de euforia .
É que o 1º de Abril já não está assim tão longe quanto isso ...