Ao contrário do que alguns ( a começar por Marcelo Rebelo de Sousa ) referem, não creio que
Mário Soares não conheça minimamente a Constituição e que, portanto, desconheça que não
é possível a realização simultânea de eleições para a Presidência da República e para a
Assembleia ( ou seja, neste último caso, de forma indirecta para Primeiro-Ministro ) .
Como compreender então a "cegada" instalada por MS na Aula Magna, com o apoio logístico
do seu "secretário técnico" Vitor Ramalho ?
Admito que terá sido apenas o começo do delírio de MS nesta matéria e que não é de afastar
que, ao fim e ao cabo, ele até seja apologista da necessidade de revisão da Constituição .
Admiram-se ?
Uma das hipóteses é que venha a ser possível, com essa revisão, a realização simultânea das
referidas eleições .
Outra - ainda mais estranha mas admissível face ao narcisismo exacerbado de MS, narcisismo
esse sempre em crescimento exponencial - centrar-se-ia apenas na alteração do regime de
substituição do PR prévio à efectivação de eleições : em vez dessa substituição ocorrer pelo/a
Presidente da AR passaria a ter lugar pelo ex-PR que tivesse a idade mais avançada ...
E assim MS obteria pela via legislativa aquilo que, de forma colossal, lhe fora recudado nas
urnas .
Com a deriva mental que MS vem apresentando de forma progressiva e bem visível quem sabe
se não estaremos a caminho de o ver a defender tal incongruência ...
Na abertura do ano judicial de 2013 o dr. Marinho e Pinto ( Bastonário da Ordem dos Advogados
em punição pelos nossos pecados ) recordou um poema de Ary dos Santos, ao qual apenas alterou
uma palavra .
Recordo o poema :
" Serei tudo o que disserem
Por inveja ou negação
Cabeçudo dromedário
Fogueira de exibição
Teorema corolário
Poema de mão em mão
Lãzudo publicitário
Malabarista cabrão .
Serei tudo o que disserem :
ADVOGADO castrado, não !"
Em meu entender Marinho e Pinto deveria ter alterado ao poema mais do que uma palavra, para o
tornar mais conforme ao que tem sido, desde o primeiro dia, a sua postura como Bastonário .
Deixo-lhe uma sugestão, embora - felizmente - já não tenhamos de o ouvir de novo a falar pela
nossa Ordem na abertura do ano judicial de 2014 :
Serei tudo o que disserem
Acho que têm razão :
Jornalista panfletário
Em loucura permanente
Declamador ordinário
No meio de toda a gente
Irresponsável primário
Numa postura diferente .
Serei tudo o que disserem :
Só Bastonário é que não !
Recordando época anterior na qual teve a sobrevivência económica garantida pelo Grupo Manuel
Bullosa, Mário Soares recebeu recentemente das mãos do Maire da cidade a medalha de vermeil
de Paris .
Calculamos quão grande terá sido o esforço do lobby soarista para a concretização do cerimonial .
Mas, mais do que isso, o que "impressiona" é a pequena "corte" que rodeou o homenageado na
Cidade Eterna .
"Corte" que simbolizava em especial o esquecimento .
Mário Soares não perdeu a oportunidade para, de novo, zurzir o actual Governo, como se ele fosse
o exclusivo causador da dificílima situação actual . E nem se coibiu de abraçar José Sócrates - não
o único mas o principal responsável pelo estado calamitoso e comatoso de Portugal -, mais dizendo
ser dele um grande amigo .
Está muito esquecido - esquecimento natural em virtude da senilidade que a avançada idade já lhe
trouxe - da época ( nem sequer muito longínqua ) em que dizia que " Sócrates era o pior do guterrismo ".
A radical mudança de opinião tem uma razão de ser que radica em algo que bem sabemos :
Mário Soares só tem
SÚBDITOS
ou
INIMIGOS .
E quem lhe surge bajulando-o ( Sócrates disse agora em Paris que Mário Soares tem alma de guerreiro ),
mesmo que o passado o tivesse colocado no lado oposto da trincheira, é recebido com alegria no seio
da sua "corte" .
Não é necessário dizer mais nada, para além de terminar parafraseando Cícero :
"Até quando, Mário, abusarás da nossa paciência ?"
Os proprietários de restaurantes e similares e a respectiva associação de classe continuam a
movimentar-se - muitas vezes de forma contraditória e incoerente - na tentativa de redução
do IVA dos actuais 23 % para o escalão intermédio de 13% .
Não cessam de apresentar a subida do IVA que ocorreu no passado como a causa principal
das suas dificuldades, quando todos sabemos que a razão essencial radicou no facto de uma
mais intensa pressão do Fisco ter reduzido de forma significativa a economia paralela, na qual
a restauração ocupava posição no pódio .
Mas as movimentações contraditórias e incoerentes aí estão :
a) por um lado é referido que, mesmo ocorrendo a baixa do IVA, não será possível aos estabelecimentos
de restauração baixar os preços a pagar pelos clientes, dada a grave crise que aqueles atravessam ;
b) por outro avança-se com a intenção de passar a entregar aos clientes uma decomposição do
preço que lhes permita verificar quanto pagariam a menos se o IVA regressasse à taxa de 13% ;
c) mais recentemente passou a ameaçar-se que, mesmo que não ocorra uma alteração legislativa,
os estabelecimentos, a partir do início de 2014, cobrarão aos clientes o IVA a 13%, sendo apenas
esse o montante a entregar ao Estado .
Posições, como vemos, eivadas de contradições e incoerências .
De qualquer modo, se - apesar de o considerar algo improvável - avançar alguma das "ideias luminosas"
da classe e da respectiva associação sempre direi que actuarei na matéria do seguinte modo :
1 - se me pretenderem entregar uma decomposição do preço dizendo-me que tem em vista permitir-me
verificar quanto pagaria a menos se a taxa do IVA fosse de 13%, pedirei uma outra simulação que me
possibilite analisar quanto o restaurante ganharia a mais se a taxa tivesse sido reduzida ( uma vez
que já afirmaram que, mesmo nesse caso, não poderiam baixar os preços a pagar pelos clientes ) ;
2 - se, sem alteração legal da taxa do IVA, me apresentarem uma conta com a taxa de 13%, recusarei
liminarmente o pagamento, só o efectuando se o recibo cumprir a legislação em vigor .
Mas acho que não se vai passar nada e que a montanha,como tantas vezes sucede, acabará por parir
um rato .
ADENDA - "Confirmando" a crise que tem sido tão badalada pelo sector acabam de ser publicados dados
comprovando que, desde Março de 2013, foram criados 43,8 milhares de empregos na restauração e na
hotelaria ...
E desse lapso de tempo o segundo trimestre não é ainda influenciado pela sazonalidade ...