Promessas não cumpridas
Alvorada de Abril, que prometia
O crescimento sim, mas sem censura
Alvorada febril que nesse dia
Nasceu para ficar, límpida e pura .
Alvorada de Abril, mas onde estás ?
Quem te matou e assim te faz negaças ?
Agora as alvoradas surgem más
E poucos as festejam nestas praças .
Acreditaste tanto e afinal
Doente continua Portugal
Sem que se veja ao longe melhoria
Na busca cansativa e dolorosa
Não antevendo cravo ou mesmo rosa
Neste soturno, baço e triste dia .
Terminada a parafernália das "comemorações" ( ?! ) do vinte e cinco barra quatro apeteceu-me
recordar o meu
Recado aos Políticos
Não .
Não desfraldo bandeiras
Não participo
Não grito .
A mão ( bem ) cheia de promessas
Mirrou e não deu fruto .
Introspectivo o desalento
E milhões comigo .
Cépticos somos .
( No livro " Melodia Interrompida " )
Na entrevista dada a Maria João Avillez e que foi publicada em livro ( "Democracia", no título do
segundo volume ) Mário Soares confessou que na eleição presidencial de 1980 - na qual os
principais candidatos foram Ramalho Eanes e Soares Carneiro - votara ( o que reconhecia ter
sido um voto de protesto completamente inútil ) no General Galvão de Melo .
"Democracia" foi editado em 1996, mas nem o facto de terem passado 18 anos justifica que
agora Mário Soares venha dar o dito por não dito .
É que no dia 14 do corrente, durante a conferência "25 de Abril, 40 anos" realizada na Fundação
Gulbenkian, Mário Soares, com total descontracção - para não lhe chamar outra coisa ! - ,
garantiu ter votado em Ramalho Eanes para Presidente da República, quer em 1976 quer em
1980 .
E disse-o como se não fosse conhecido de todos que, em 1980, diabolizou a opção do PS em
apoiar a recandidatura de Ramalho Eanes, tendo-se mesmo suspendido das funções de
secretário-geral do partido .
Realmente cada vez temos mais consciência da "seriedade" do dr. Mário Soares .
Uma mãe é sempre o nosso refúgio, talvez ainda mais como adulto do que quando criança .
Mãe, estou cansado - deixa-me repousar no teu regaço .
Mãe, estou triste - consola-me como só tu sabes fazer .
Mãe, estou feliz com o meu êxito - a vitória é tua, pois tu é que me fizeste assim .
Dai que a sua perda seja sempre brutal .
Mas mais brutal ainda é a perda de um filho .
É que tal perda é a perda de um sonho, das expectativas, do futuro e deixa-nos um vazio
insuportável .
Vazio que me fez, na parte final de um poema publicado no meu primeiro livro de poesia
( Melodia Interrompida ), escrever o seguinte :
" Já os meus olhos tristes e sem brilho
Na busca cansativa e condenada
Lembram a cruz de quem perdeu um filho
E aperta as mãos sem nelas sentir nada . "
( Texto, com pequenas alterações, de uma anterior reflexão minha, que coloquei no blogue
da escritora Rita Ferro em 12 de Setembro de 2010 )
Em 28 de Janeiro transacto pronunciei-me neste blogue sobre as praxes, manifestando a minha
discordância quanto ao tratamento idêntico dado a realidades muito diferentes - entendi então
( e continuo a entender ) que não são de nenhum modo comparáveis a praxe de uma universidade
histórica como a Universidade de Coimbra, com tradições enraizadas durante séculos, e os
arremedos de praxe de "universidades de aviário" ou "universidades de vão de escada" que não
têm história nem tradição e que, por isso mesmo, criaram à pressa e de forma não estruturada
um pseudo código de praxe gerido de forma arbitrária por estudantes seniores que nada fazem
de positivo na integração dos novos universitários .
Acabo de ter conhecimento de um comentário do New York Times que me deixou extremamente
satisfeito, pela similitude de entendimento em matéria de praxe estudantil em Portugal .
Referiu o NYTimes - podendo informação mais completa ser recolhida em www.nytimes.com -
a menor qualidade das universidades privadas que, carentes de história, imitam Coimbra e
criam tradições artificiais de praxes que, para alguns, assumem contornos perigosos .
Não fui eu o autor do texto publicado no New York Times ..., mas a verdade é que o subscreveria
com o maior gosto e sem nele alterar sequer uma vírgula .
Vai ser muito curioso assistir aos desenvolvimentos da campanha para as eleições europeias,
em especial ao terçar de armas de dois colegas do mesmo escritório de advocacia - António
Vitorino, mandatário da candidatura do PS e Paulo Rangel, cabeça de lista da coligação PSD/CDS .
António Vitorino, com a inteligência que lhe é sobejamente reconhecida e com a capacidade
exímia em jogar com as palavras, usando-as na exacta medida, já fez uma referência à
AUSTERIDADE, referência essa que não deixou dúvidas .
Disse António Vitorino :
"Aqueles que se abstiverem de participar não poderão mais tarde queixar-se da continuação
da austeridade cega ou das orientações que discriminam os países em função da sua situação
económica e social " .
Ou seja - é criticável uma austeridade cega mas não uma austeridade consciente e realista, uma
vez que António Vitorino sabe perfeitamente que a austeridade tem ainda que continuar, tão
grave foi a situação na qual o senhor Pinto de Sousa deixou o país .
Depois de Óscar Gaspar vemos agora António Vitorino a reconhecer que o caminho, nos próximos
tempos, continuará ainda a não ser fácil .
Austeridade não cega mas austeridade consciente e realista, austeridade da qual António José
Seguro foge como diabo da cruz, continuando a falar - sem a menor concretização, contudo -
em desenvolvimento e melhorias sociais ( através de aumentos de despesa ), num cenário tão
cor-de-rosa como utópico .
Só que OG e AV surgem noutro comprimento de onda . E as suas declarações levam-nos a pensar
que não faltará muito para que possamos ouvir António José Seguro a miar .
É que como gato escondido com o rabo de fora já milhões de portugueses o estão a ver ...