Site de poesia, pensamentos, análise política e social, polémica, pontos de vista, interrogações e inquietações .
Aparece de quando em vez, sem obrigações calendarizadas .
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Já não bastava o que vemos quase todos os dias - os tratos de polé de que sofre a língua portuguesa .
Os ( mini ) cérebros que engendraram o Novo Ac(b)ord(t)o Ortográfico conseguiram uma proeza da qual se podem orgulhar - colocaram os portugueses a escrever de uma forma que não respeita nem o ANTES nem o DEPOIS do acordo ( acordo que ainda espero e desejo possa ser morto e enterrado sem saudade, na sequência do referendo que se encontra a ser preparado ) .
Mas o analfabetismo actual na televisão já vai muito para além disso .
No programa Verão Total, da RTP1, transmitido em 28 de Agosto de 2015, a alturas tantas elogiava-se a gastronomia de Abrantes, com especial incidência em peixes do rio como a lampreia ( !!! ) e o sável .
Só que a ampreia não é um peixe mas sim um ciclóstomo ( classe de vertebrados pertencente aos subfilodos Agnatas ) que faz parte da superordem Petromizonídeos, marinhos ou dulciaquícolas ( Verbo - Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura ) .
Naturalmente não será exigível às estações televisivas uma "erudição livresca", mas é legítimo (e imperioso) fixar limites à incompetência e ao analfabetismo .
A matéria do emprego e do desemprego tem vindo a ser tratada não no plano técnico mas antes como arma de arremesso político entre Governo e oposição .
Apenas são esgrimidos números sem uma análise profunda e científica da situação .
O Governo "enfeita-se" com a redução da taxa do desmprego que, realmente, é inferior à que se verificava no 2º trimestre de 2011 ( ou seja antes da implementação das medidas impostas pelo plano de resgate ) .
A oposição contrapõe que a redução é apenas devida à emigração brutal, à colocação de desempregados em ocupações de uma semana - abatendo desse modo às estatísticas - e ao volume dos estágios .
Fazia falta, em mais esta prova de prevalência do interesse partidário sobre o interesse nacional, uma voz lúcida, capaz de centrar o assunto no seu cerne .
E, nesse plano, reveste-se de significativa importância o texto de José Manuel Fernandes ( JMF ), publicado no dia 5 do corrente sob o título de "O que ninguém quer ver nos números do emprego e do desemprego" .
São desmontados alguns dos números avançados pela oposição :
* a emigração não atingiu 500.000 saídas líquidas entre os 2ºs trimestres de 2011 e 2015 como é esgrimido mas sim 128.000 ;
* a colocação de desempregados em ocupações de uma semana, abatendo assim às estatísticas, até baixou no período, se bem que apenas ligeiramente ;
* os 70.000 estágios dos quais falava Ana Catarina Mendes são, afinal, cerca de metade ( +/- 35.000 ) .
Mas o ponto fulcral focado por JMF situa-se na abordagem que realiza aos perfis do emprego que está a desaparecer e do que está a surgir .
Entre os 2ºs trimestres de 2011 e 2015 :
* a população activa reduziu-se em 366,8 milhares ;
* a população empregada reduziu-se em 312,2 milhares ;
* a população desempregada reduziu-se em 54,6 milhares ;
* a taxa de desemprego reduziu-se em 0,2% .
Decompondo a redução da população empregada ( 312,2 milhares ) verifica-se que :
* trabalhadores com escolaridade até ao ensino básico baixaram em 689,3 milhares ;
* trabalhadores com ensino secundário e complementar aumentaram em 158,5 milhares ;
* trabalhadores com curso superior cresceram em 218,6 milhares .
Desapareceram, portanto, os empregos dos trabalhadores menos qualificados enquanto ocorreu criação de emprego para os mais qualificados .
Ou seja, como assinala JMF, afinal parece que não se está a desperdiçar "a geração mais qualificada de sempre" .
Os sectores que mais contribuiram para a redução em 312,2 milhares da população empregada foram a agricultura ( com 130,2 milhares ) e a construção ( com 177,7 milhares ) .
É assim legítimo concluir que o emprego que foi destruído era o emprego que não tinha futuro ou viabilidade, enquanto que o emprego criado dá maiores garantias de sustentabilidade .
É pena, mas os políticos da nossa praça não se revelam capazes de uma análise mais racional e descomprometida da problemática do desemprego, desprendendo-se da visão limitada e pequeno burguesa da sua "quintinha partidária" ! Até quando ?
Os comentários relativos à candidatura de Maria de Belém ( MB ) à Presidência da República - ainda não formalizada mas já inequívoca - surgiram de "muitas e desvairadas gentes" .
De imediato Sampaio da Nóvoa ( SN ), preocupado com a névoa que entende vir essa candidatura trazer ao seu prematuro aparecimento, pronunciou-se de forma deselegante e desajustada, uma vez que muitíssimo antes das legislativas surgiu ele .
Depois foram várias as vozes dentro do PS verberando a iniciativa de MB, classificando-a de fraccionista e provocadora de fragilidades no partido .
Também alguns comentadores se pronunciaram na mesma linha, entendendo o surgimento de MB como limitativo do objectivo da conquista pela esquerda da Presidência da República .
O meu entendimento na matéria está muito longe de ser coincidente com tais vozes .
É que, se o Centro-Direita tiver juízo e não "coleccionar" candidaturas na sua área, centrando-se antes no potencial candidato mais forte ( Marcelo Rebelo de Sousa, há mais de um ano construíndo a sua candidatura como se não fosse nada com ele ... ), a sua compita com um SN único candidato significativo à esquerda ( os sempre prováveis oriundos do PCP ou do PCTP-MRPP não contam e o estimável Henrique Neto também não pesará ) seria um autêntico passeio .
Só que o surgimento de MB altera um tanto as coisas - se SN se limitará a "pescar" votos à esquerda já MB será mais abrangente e capaz de fixar a área menos extremada do PS para além de poder penetrar nos desinteressados e nos indecisos bem como em franjas menos conservadoras da área à sua direita .
E então se surgirem várias candidaturas na área do Centro-Direita a probabilidade da ocorrência de uma segunda volta converter-se-á em certeza .
Ou seja : a candidatura de MB devia ser agradecida pelo PS e não criticada por algumas franjas do partido ( os sonhadores nefelibatas de uma esquerda unida que jamais será vencida ) .
O Marketing, nos tempos actuais, está em todo o lado, atacando, perseguindo, manipulando e agredindo .
Surge e procura insinuar-se pelas mais diversas formas e nos mais variados sectores .
Ainda recentemente Mário Cláudio - esse sim um dos grandes escritores portugueses - colocou o dedo na ferida ao afirmar que " a poesia funciona em capelinhas que se leem umas às outras " .
A literatura, aliás, é uma das áreas onde o Marketing mais prolifera .
Lembro dois escritores, um de cada sexo ( para aderir à " moda " das quotas ... ), que vendem bastante .
Ela, uma Corin Tellado dos tempos actuais, tem uma escrita pimba que vende, vende e vende, tal qual "banha da cobra" nas feiras e romarias populares .
Ele, escritor a metro, enche páginas e páginas sem qualquer necessidade ( ou antes, apenas com a necessidade de encher páginas ... ) e também vende, vende e vende .
Deste último fui, há poucos anos, testemunha presencial do Marketing que o promove - numa livraria, que visito com bastante frequência, existia uma pequena estante apenas com uma das obras (a mais recente) do escritor em causa . Nessa única estante encontravam-se, coexistindo pacificamente , exemplares da 2ª, da 7ª e da 11ª edições da obra !
Este Marketing, agressivo e omnipresente, manifesta-se também inúmeras vezes de outra forma - são as idas, naturalmente por mera coincidência ..., de certos autores à TV, na véspera do lançamento da sua mais recente obra .
Enquanto isto uma escritora magnífica como Teresa Veiga, em absoluto avesa a "capelinhas", passa quase ignorada . E não é caso virgem .
Mas este Marketing avassalador não se restringe, como é óbvio, à literatura . Basta passar a vista de forma rápida ( muito tempo não, pois embrutece ... ) pelos programas da tarde das televisões generalistas para nos apercebermos da publicidade despudorada que é feita aos outros programas ( em especial às telenovelas ) da mesma estação . Ou também utilizando perguntas em concursos testando o acompanhamento feito pelos concorrentes a esses programas .
Agora, que se aproxima a época do próximo folclore eleitoral, são os cartazes das formações políticas que proliferam .
Muito se tem falado da apropriação chocante pelo PS das imagens de alguns portugueses, aliás com emprego, para a transmissão de mensagens sobre o desemprego .
Só que a critíca praticamente tem-se limitado a essa utilização abusiva, quando o incorrecto comportamento socialista vai muito para além disso - sucede que o conteúdo das mensagens é objectivamente falso, apresentando números que não correspondem de modo fiel à realidade .
Mas nisso os nossos políticos são todos muito parecidos : pensam que a repetição exaustiva de uma mentira a pode transformar em verdade .
Só que nem sempre conseguem levar a sua água ao moínho . Basta recordar a ladaínha da colocação do interesse nacional sempre acima do interesse partidário quando a generalidade dos portugueses bem sabe que é exactamente ao contrário ...
E aí não há Marketing que lhes valha, por mais agressivo que seja !
Na antecâmara da primeira final da época - a Supertaça Cândido de Oliveira - entre o SCP e o SLB Jorge Jesus proferiu declarações lamentáveis, minimizando o seu colega de profissão Rui Vitória .
O objectivo era "minar" o campo adversário, mas a categoria de JJ para o fazer está a milhas da capacidade de, por exemplo, um José Mourinho .
Para além disso as declarações proferidas foram demonstrativas de um enorme narcisismo e de um calculismo chocante .
A afirmação de que nada tinha sido mudado na preparação da equipa do SLB tinha em vista garantir a JJ que ganharia sempre, fosse qual fosse o resultado do jogo .
Se o SCP ganhasse - como, aliás, veio a suceder - o mérito seria dele, treinador .
Se o SLB vencesse a causa do êxito seria a metodologia por JJ implementada no clube e que permanecera inalterada mesmo depois da sua saída .
Reafirmou JJ que nada tinha mudado, pois Rui Vitória mostrara-se inteligente ao decidir manter o que tinha garantido tantos êxitos ao clube .
Tantos êxitos ? Até nem é verdade !
Rui Vitória - um Senhor, ao recusar entrar num diálogo de baixo nível - tem até muita coisa para mudar . A fim de procurar superar a miserável carreira europeia do SLB de Jorge Jesus na época 2014-2015 .