Site de poesia, pensamentos, análise política e social, polémica, pontos de vista, interrogações e inquietações .
Aparece de quando em vez, sem obrigações calendarizadas .
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A composição do XXI Governo Constitucional sofreu certas vicissitudes .
Alguns dos actuais componentes foram segundas escolhas pois existiram recusas .
Num desses casos as conversas entre António Costa e o sondado decorreram mais ou menos nestes termos :
* Caro X, gostava que integrasse o meu Governo como Ministro de Y .
* Meu Caro 1º Ministro, estava muito longe de esperar ser convidado para tal . Não li o Programa de Governo nem os textos que acordou com o BE, o PCP e o PEV .Peço que me dê uns dois dias para responder, depois de os ler .
* Acho isso perfeitamente natural, meu caro X . Entrego-lhe já exemplares de todos esses textos, fico à espera da sua resposta final e bem gostaria que ela fosse positiva .
Logo no dia seguinte :
* Meu Caro 1º Ministro, cá me tem a responder-lhe .
* Meu Caro X, pensava que demorasse mais algum tempo .
* Não foi preciso, Caro 1º Ministro . Lamento, mas não posso aceitar . Julgava que o PS era ainda o Partido de Mário Soares e da Fonte Luminosa, o Partido de Vitor Constâncio e da revisão da Constituição em matéria de nacionalizações . Ora como vi que agora está muito longe desse PS não tenho possibilidade de aceitar o seu convite .
Tornou-se agora ainda mais perceptível a causa da chocante defenestração de António José Seguro pelo calculista e mefistofélico António Costa .
Não foi a vitória "poucochinha" de Seguro que motivou esse comportamento por parte do secretário-geral do PS, antes sim a percepção de Costa de que Seguro não teria "estômago" para "pescar" em áreas desde sempre contrárias ao Partido Socialista .
O poder acima de tudo, em especial acima dos sentimentos e da história do partido, é, afinal, aquilo que separa a seriedade de Seguro do calculismo de Costa .
São inúmeras as vozes - e algumas autorizadas - que se levantam elencando as alternativas que se apresentam ao Presidente da República na superação da presente crise política .
A maioria delas diaboliza a manutenção do actual Governo, derrubado na Assembleia da República, como Governo de gestão, considerando que seria a pior solução para o país, tendo em conta a reduzidíssima dimensão dos seus poderes, nos termos constantes da Constituição .
A verdade, contudo, é que, no meu entender, as outras soluções não se afastam desta em matéria de poderes atribuídos .
Um Governo de iniciativa presidencial, com chumbo também mais do que garantido na Assembleia da República, ficaria exactamente na mesma situação do Governo de Pedro Passos Coelho .
E quanto a um Governo do PS, com "muletas" do BE e do PCP ( e do seu apêndice, o PEV ), "muletas" muitíssimo frágeis ?
Para mim apresentaria notórias características de um Governo de Gestão .
Só que, neste caso, as limitações não seriam as que a Constituição fixa mas antes aquelas ( imensas ! ) de que o PS viria a ter consciência plena, limitações estrategicamente estabelecidas pelos outros partidos que suportariam ( até quando ? ) tal Governo .
São, sem sombra de dúvida, ciclópicos os trabalhos que António Costa tem entre mãos .
Culpa sua .
Depois de comportamentos censuráveis - a defenestração de António José Seguro e a não retirada das devidas consequências ( a demissão pura e simples do cargo de secretário-geral do PS ) da clara derrota eleitoral que sofreu - restava a António Costa a fuga em frente .
Ou, dito de outro modo, a busca da quadratura do círculo .
António Costa encontra-se entre dois caminhos muito dificilmente conciliáveis :
* a apresentação a Cavaco Silva de um acordo com o BE e o PCP ( com o seu acólito, o PEV ) que seja estável, consistente e duradouro e que, desse modo, lhe possibilite vir a ser indigitado 1º Ministro ;
* negociações com os partidos à sua esquerda, alargando-as até ao ponto em que estes considerem que não desvirtuam totalmente os seus princípios programáticos .
Se António Costa apresentar a Cavaco Silva um acordo "poucochinho" sabe que contará com grandes dificuldades na sua aceitação .
Terá assim - funcionando em relação ao BE e ao PCP ( e ao seu acólito, o PEV ) como a UE, o FMI e o BCE fizeram perante o Syriza, obrigando-o a afastar-se da sua matriz originária - que convencer esses partidos a "esquecerem-se" de aspectos primordiais dos seus programas ( ou, pelo menos, a fingirem que se esqueceram deles ) .
Como o mais provável é o fingimento puro e simples, a evolução, mesmo que Cavaco Silva, pouco gostosamente, venha a nomear António Costa 1º Ministro, não augura nada de bom .
Serão admissíveis novos desenvolvimentos no prazo máximo de um ano, pois as contradições dificilmente deixarão de surgir à luz do dia .
Só que, nesse intervalo, muito do que foi conseguido nestes quatro anos de dificuldades e de sacrifícios ter-se-á esboroado sem remédio ...
Ferro Rodrigues, recentemente eleito segunda figura do Estado depois da sua medíocre performance como líder parlamentar do PS ( assim se vê o estado a que isto chegou ... ), mudou de forma nítida a sua posição em relação ao segredo de justiça .
Logo que começaram as análises por parte do Correio da Manhã às "actividades" do Senhor Pinto de Sousa, Ferro Rodrigues tomou Imodium durante uma semana inteira .
É que agora Ferro Rodrigues já não se está cagando para o segredo de justiça ...