Site de poesia, pensamentos, análise política e social, polémica, pontos de vista, interrogações e inquietações .
Aparece de quando em vez, sem obrigações calendarizadas .
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No comportamento individual, seja ele puramente cívico ou de figuras públicas, tanto é criticável a sobranceria, a indiferença ou o desinteresse pelos outros como o é o espalhafato sem critério, a intromissão indiscriminada ou a busca desenfreada do contacto até nos meios em que isso menos se justifique .
E, neste último caso, a não selectividade, quando se trata de figuras públicas, contribue para a desvalorização do papel que se desempenha e vulgariza a presença .
Com a sua hiperactividade sem critério Marcelo Rebelo de Sousa está, de forma acelerada, a banalizar a função de Presidente da República .
O Ministro holandês das Finanças e Presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem, apontando os desequilíbrios macroeconómicos verificados em vários países da UE, disse textualmente o seguinte :
" ...Como social-democrata considero a solidariedade da maior importância . Porém, quem a exige também tem obrigações . Eu não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda . Este princípio é válido a nível pessoal, local, nacional e até a nível europeu . "
De imediato surgiram as deturpações, como se Dijsselbloem tivesse dito apenas uma frase :
" Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda . "
Em imediata sequência à deturpação surgiram em Portugal as "virgens ofendidas", encabeçadas pelo "chefe da geringonça" que perorou :
Portugal cumpriu os compromissos com a UE pelo que o país "não tem lições a receber do sr. Dijsselbloem em coisa nenhuma" .
O que sucede, porém, é que Portugal está muito longe de ter cumprido todos os compromissos que assumiu perante a UE .
Se os tivesse cumprido não estaria confrontado com a ameaça do BCE, de acordo com a qual caso o Programa Nacional de Reformas não contenha as políticas requeridas " o procedimento por défice excessivo deve ser aberto em Maio " .
É que as recomendações que o BCE tem feito a partir de 2015 não foram, na sua grande maioria, implementadas .
E isso, segundo o BCE, é partiularmente surpreendente depois de as autoridades portuguesas se terem comprometido com "uma agenda reformista ambiciosa" em 2016 .
Com efeito, a esmagadora maioria das recomendações de reforma propostas - mais de 90% - tiveram apenas algum ou limitado progresso de implementação , apenas 2 em cerca de 90 foram implementadas de forma substancial e nenhuma o foi na totalidade .
É este cenário que leva o BCE a defender que, se Bruxelas vier a entender que Portugal não fez o suficiente, deverá impor a apresentação de um plano de acção para responder aos desequilíbrios macroeconómicos - elevado endividamento ; grande volume de crédito em incumprimento ; desemprego ainda alto - e que , se não for apresentado ou implementado, seja aplicada a sanção financeira prevista nas ferramentas do Procedimento por Desequilíbrios Macroeconómicos - 0,1% do PIB ou seja, no caso de Portugal, cerca de 190 milhões de euros .
O que diz a isto o dr. António Costa ?
P.S.
As "virgens ofendidas" movimentam-se freneticamente "exigindo" a demissão de Dijsselbloem de Presidente do Eurogrupo .
A verdade é que sabem perfeitamente ser natural que isso venha a acontecer, em consequência dos resultados das eleições realizadas na Holanda no dia 15 do corrente .
É que nelas ( a Holanda, com mais de 14 milhões de habitantes, elege 150 deputados; Portugal, com 10 milhões, elege 230 deputados ; vejam lá se não há razões para se dizer que em Portugal há dinheiro mal gasto ! )os trabalhistas holandeses, o partido do sr. Dijsselbloem, teve uma derrota estrondosa, passando de 38 para 9 deputados .
É assim provável que os trabalhistas não venham a fazer parte da futura coligação, o que deverá colocar o sr. Dijsselbloem no limbo .
Há poucos dias andei umas dezenas de quilómetros numa estrada municipal .
Cruzei-me exactamente com 57 veículos .
Destes 19 eram do século passado - 35,8% !
É uma consequência da actuação do actual Governo e, manda a verdade que se diga, de muitos outros que o antecederam desde o 25/4 .
A "defesa" da segurança rodoviária é feita por eles carregando de impostos as novas viaturas, enquanto que o "ataque" aos veículos vetustos se faz reduzindo de forma significativa o imposto único de circulação ...
Tudo ao contrário do que, para a segurança rodoviária, seria desejável .
Só que a voracidade da cobrança continua a sobrepor-se a todo o resto, tanto mais que adia a necessidade de redução das gorduras do Estado .
Adiamento esse indispensável para tentar que a "geringonça" não se desaricule .