Site de poesia, pensamentos, análise política e social, polémica, pontos de vista, interrogações e inquietações .
Aparece de quando em vez, sem obrigações calendarizadas .
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Berlusconi, referindo-se a Macron na linha de baixo nível que lhe é costumeira, debitou as seguintes "pérolas" :
"É um rapaz bonito que tem uma mãe muito bonita . Macron é um rapaz brilhante que teve a sorte de encontrar uma boa mãe que lhe dá a mão ."
Frases não estranháveis do italiano, que já nos habituou a comportamentos negativos e, mais do que isso, chocantes .
Se Macron, em vez de se manter num pedestal mais elevado ( o que calculamos ir acontecer ) tivesse a intenção de "alinhar" na chafurdice, podia retorquir assim :
"Olhe que a sua filha ( ou é a sua neta ? ) não lhe fica atrás de modo nenhum ..."
Quando da constituição do Bloco de Esquerda, aglutinando, de forma relativamente instável, pensamentos políticos algo diferenciados, a organização posicionou-se no espectro político numa linha de protesto e de contrapoder .
Só que, visando apresentar-se com uma postura não coincidente em absoluto com o PCP, foi procurando criar um tipo de intervenção menos classista ( operária ) e antes mais intelectualizada .
Essa linha de uma esquerda burguesa com um pensamento mais burilado deu lugar, de forma justificada, à atribuição do epíteto de "esquerda caviar" .
Mesmo assim, nesses primeiros anos de existência, o BE mostrou-se fiel à sua matriz de organização de protesto e de contrapoder .
Até que chegou ao poder o derrotado nas eleições legislativas - António Costa, com a sua insofismável capacidade negocial, criou a "geringonça", trazendo, de mansinho e pé ante pé, o BE e o PCP para a antecâmara do poder .
Paciência e gestão não apressada mas progressiva foram dando frutos .
A música ( celestial ao ouvido dos parceiros, embora não sendo eles religiosos ... ) do "encantador de serpentes" foi produzindo efeitos, mais ainda junto do BE do que do PCP, como é visível .
O PCP necessita sempre, por estratégia imutável e pelo seu peso sindical, de estar, ao mesmo tempo, com um pé dentro e outro pé fora .
Já o BE, sem esse paradigma, foi-se progressivamente embriagando com a presença na antecâmara do poder .
Pouco será necessário ao "encantador de serpentes" oferecer ao BE para que este se converta de uma organização de protesto e de contrapoder num parceiro privilegiado na área do poder .
Daí ser expectável que, mais cedo ou mais tarde, vejamos a conversão do BE ( a "esquerda caviar" ) ao "prato de lentilhas" .
As declarações desastrosas de Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS de bem menor gabarito do que o desejável, provocaram uma reacção de inteligente aproveitamento por parte de Rui Moreira .
Reforçando a sua clara oposição aos "jobs for the boys", Rui Moreira, separando o trigo do joio, mostrou ainda assim abertura à presença de Manuel Pizarro na sua lista concorrente às eleições para a Câmara Municipal do Porto .
Só que - e frisou isso de molde a não deixar quaisquer dúvidas - essa presença surgiria não por se tratar de um militante do PS mas sim por ser uma pessoa de grande capacidade e com provas dadas .
São esses, aliás - acrescentou ainda -, os pressupostos para a inclusão nas listas do movimento independente que encabeça .
Com tais requisitos tornou-se evidente que o PS não poderia tomar outra posição que não fosse preparar, à pressa, uma candidatura própria à autarquia .
É que, a não agir assim e atenta a exigência de Rui Moreira quanto a um elevado nível de capacidade e de provas dadas, o partido corria um sério risco de não conseguir que qualquer outro militante viesse a integrar as listas do movimento independente ...
P.S.
Vai ser curioso analisar o tipo de campanha eleitoral de Manuel Pizarro, em luta com Rui Moreira depois de anos de colaboraçao e empenhamento totais no anterior mandato .