Portugal, país condenado por uma classe política de pacotilha
Adensam-se núvens negras sobre Portugal .
É um Governo que finge não ter nada a ver com um estudo sobre a reforma do Estado, estudo que
atribue ao FMI como se na sua génese não tivessem participado Ministros e Secretários de Estado .
É uma oposição que nos seus vários quadrantes foge do tema como o diabo da cruz ( o que é
especialmente lamentável por parte do PS, principal partido da oposição e do qual seria desejável
a participação no trabalho, urgente e inadiável, a realizar, pois quanto aos restantes - o imobilista
PCP, a esquerda caviar do BE e os disfarçados Verdes - não era de esperar outra coisa ) .
O Estado é imutável para essas oposições : há que mantê-lo anafado e ineficiente e fingir que é
possível conservá-lo assim sem serem consumidas cada vez mais verbas a alimentá-lo ( verbas essas
que só podem ser obtidas "sugando" cada vez mais os cidadãos ) .
Seguiremos passo a passo até ao descalabro final .
Mexer nos podres é que nunca .
E, assim sendo, tudo continuará no melhor dos mundos :
* os 230 deputados continuarão o seu trabalho insano de chicana política, com "comemorações"
pontuais como a daquela deputada do PS que, possivelmente a festejar tão profícuo labor, se embebedou
e pegou a seguir, criminosamente, na sua viatura ;
* o Governo não deixará de efectuar nomeações atrás de nomeações, como as 27 do Secretário de Estado
da Cultura de uma assentada ;
* os políticos prosseguirão a sua caminhada para a reforma aos 47 anos de idade, como a autarca de
Palmela ;
* milhares de professores suportarão com estoicismo a carga brutal de oito horas de aulas semanais ;
* os majores-generais surgirão promovidos em catadupa, colocando Portugal à cabeça do ranking
europeu ;
* os juízes manterão os seus inúmeros privilégios ;
* as Câmaras Municipais permanecerão intocadas, como se não existissem algumas que mais não deveriam
ser do que Juntas de Freguesia de outras Câmaras que as absorvessem ;
* Institutos e Observatórios não serão objecto de uma análise aprofundada dos respectivos objectivos, nem
se verificará se constituem duplicações de outras estruturas formais do Estado ;
* as Fundações, apesar de alguma redução na concessão de apoios do Estado, continuarão a ser um sorvedouro
de dinheiros públicos ( e assim, por exemplo, o dr. Mário Soares irá manter-se a perorar longamente sobre o
Serviço Nacional de Saúde português e as suas imensas virtualidades - tão postas em causa pelos "malandros"
do actual Governo -, mas recorrendo ao privado Hospital da Luz quando o problema de saúde é o seu ... ) ;
* as Forças de Segurança, em percentagem face ao número de habitantes superior à média europeia, continuarão
a deslocar-se quase exclusivamente em viaturas ou a permanecer aos magotes à porta das esquadras, só de
forma muito esporádica sendo visível patrulhamento a pé .
Realmente não era necessário o estudo atribuído ao FMI .
Todos conhecemos, há dezenas de anos, as mazelas, a ineficiência, o compadrio, a baixíssima produtividade, as
injustiças relativas, o despesismo e o gigantismo do Estado .
Mas continuamos a duvidar que exista coragem para atacar de frente o MONSTRO que esmaga o País e que o
está a empurrar para o abismo .