A imperiosa necessidade de revisão da lei eleitoral para a assembleia da república ( intencionalmente em minúsculas ... )
A crise do actual regime democrático em Portugal é profunda e está bem à vista de todos .
E sendo profunda justifica e impõe a busca de uma solução que abarque múltiplas vertentes .
Há algumas vozes que se limitam a propor a redução do número de deputados dos actuais
230 para 180, como se essa fosse a panaceia milagrosa para todos os males que fragilizam
o nosso regime democrático .
Estão profundamente enganadas !
A primeira e essencial questão reside no MONOPÓLIO que os partidos políticos estabeleceram
em seu exclusivo benefício .
Reconhecemos que não existe uma democracia plena sem a existência de partidos políticos.
Mas em contraponto a essa verdade existe uma outra de não menor valor : a de que os partidos
políticos, numa democracia plena, NÃO A ESGOTAM !
Há que assegurar e garantir outras formas de participação dos cidadãos na vida política . Ou seja :
há que alargar às eleições para a assembleia da república os mecanismos de participação já em
vigor nas eleições para as autarquias locais .
Esse objectivo exige e impõe uma profundíssima revisão da actual legislação eleitoral .
É certo que nela também terá que ser incluída uma significativa redução do número de deputados,
algo que os pequenos partidos ( mas não só eles ... ) recusam desde sempre, pois a situação
actual garante-lhes a fidelidade acéfala que tanto nos choca no funcionamento do areópago .
Mas o ponto crucial é outro - a criação de círculos uninominais ( embora equilibrada com a existência
de um círculo nacional que possa garantir representatividade aos pequenos partidos, condicionada
embora a uma percentagem mínima de votos a nível nacional - 4 ou 5% ), tornando mais viável a
apresentação de candidaturas fora das "camisas de forças" partidárias e garantindo aos cidadãos
eleitores facilidade no escrutinar do desempenho dos cargos pelos eleitos .
É uma revisão legislativa que o desmoronar progressivo do nosso regime democrático impõe que
seja concretizada sem mais delongas .
A podridão actual exige medidas profilácticas urgentes .
Salvemos a democracia, antes que seja demasiado tarde !