A precariedade laboral e o voto político
A precariedade nas relações laborais atingiu nos tempos actuais uma dimensão chocante, até
maior do que aquela que se verificava nos últimos anos do regime autoritário que foi derrubado
no 25/4 .
Os recibos verdes proliferam de um modo brutal, mantendo os trabalhadores com uma permanente
"espada de Dâmocles" sobre si, com a consequente menorização da sua capacidade reivindicativa,
mesmo que manifestada só face às ilegalidades e às injustiças de que sejam vítimas .
Infelizmente não podemos dizer que os políticos se encontrem na mesma situação . E não o estão
em virtude de se autoprotegerem de uma forma escandalosa, assegurando um MONOPÓLIO na
assembleia da república ( intencionalmente em minúsculas ... ) .
Enquanto não for possível à sociedade civil ( tal como já sucede no poder autárquico ) ter acesso,
em igualdade de condições com os partidos políticos, às eleições legislativas, o escândalo não
deixará de permanecer .
E se - o que é altamente improvável - os deputados ( e os partidos que os arrebanham ) viessem a
ter um pingo de vergonha revendo um regime constitucional elitista e fechado, então sim estariamos
perante uma situação na qual os eleitores, considerando que os deputados se encontrariam
"contratados a recibos verdes", teriam facilidade em "refrescar" profundamente o panorama político,
ao invés da actual situação em que apenas mudam as moscas .
Só que moscas que todos sabemos serem iguais - nem melhores nem piores _ do que as anteriores .
O "recibo verde", a ter lugar a revisão constitucional que cada vez se revela mais imperiosa, seria
então o VOTO .