Continua a "novela" do IVA na restauração
Em post que coloquei no meu blogue em 17 de Maio de 2012 explanei comentários a propósito
das enormes críticas, em especial do sector da restauração, à subida do IVA de 13% para 23%
( + 76,9% ) .
Apontei então que se tratava de um verdadeiro "gato com o rabo de fora" uma vez que empresários
falavam em aumentos de 300% no IVA a pagar, em reduções na actividade por retracção da
clientela e em não aumento de preços .
Ora esses parâmetros, claramente contraditórios, mostravam de forma clara que tinha entrado
no circuito um outro dado de enorme importância - o reforço da capacidade fiscalizadora do fisco,
com meios para reduzir de forma drástica a brutal "economia subterrânea" que existia no sector .
Os números recentemente apresentados só confirmam esse meu entendimento .
O aumento da receita fiscal do IVA foi de140% em relação ao último ano ( 2011 ) em que a taxa
era de 13% .
A própria AHRESP, em comunicado, diz que "se as receitas cairam 25%, os preços de venda não
aumentaram ( sendo os mais baixos da Europa ) de onde sairam os milhões de euros de aumento
da receita fiscal ?"
E a AHRESP, como causas, falando embora na descapitalização das empresas, não deixa de referir
a eficácia fiscal no combate à economia paralela .
Ou seja : é a própria AHRESP a reconhecer que existia uma fuga relevante ao fisco !
O aumento do IVA não foi a causa única dos problemas do sector, antes sim a quase simultaneidade
desse aumento com a criação de mecanismos capazes de reduzir o escândalo da "economia
subterrânea" que grassava no sector .
Houve, portanto e durante muitos anos, ganhos ilegítimos no sector, pelo que só pecou por tardia
a criação de mecanismos mais capazes para o seu controlo .
E agora, lobrigada se bem que ainda ao longe uma nova "janela de oportunidade", já os empresários
começaram a erguer vozes referindo que, mesmo que o IVA venha a voltar para os 13%, lamentam
que não lhes venha a ser possível beneficiar os clientes com alguma baixa de preços, ainda que
parcial, em virtude de o sector estar descapitalizado .
Era bom que o capitalizassem com as verbas que durante muitos anos aforraram com a fuga ao
fisco, reconhecendo que uma eventual melhoria da situação deve ser repartida de forma equilibrada
entre as empresas e os seus clientes .
Mas, com o "histórico" do sector, não é de esperar generosidade e filantropia !