O escândalo das subvenções vitalícias dos políticos
O regime autoritário ao qual foi posto termo em 25 de Abril de 1974 tinha, em várias matérias,
o pudor que falta aos novos dirigentes .
Com efeito, jamais colocou em prática o velho brocardo de que " a caridade bem entendida
começa por nós próprios " .
Já os " novos democratas " não demoraram a legislar em proveito próprio . E assim, entre
muitas outras benesses, criaram o direito a uma subvenção vitalícia apenas com oito anos
de exercício de funções políticas ( período esse mais tarde, se bem que a contragosto, alargado
para uns "imensos" doze anos ) .
Recentemente começaram a surgir vozes defendndo cortes nos montantes dessas subvenções
vitalícias, com sugestões variando entre os 15 e os 50% .
Em meu entender uma visão desse tipo continua a não atacar de forma correcta o cerne da
questão - nada justifica a existência desse regime privilegiado criado pelos políticos em seu
exclusivo benefício .
As subvenções vitalícias devem, pura e simplesmente, ser extintas e o tempo de exercício de
funções que a elas deu origem ser considerado, tal como qualquer outro com descontos, para
cálculo da reforma ou da aposentação em termos idênticos aos dos restantes beneficiários .
E, mesmo que seja feito isso, os políticos ficarão ainda injustamente beneficiados, uma vez que
o mesmo tempo acaba por ser contado duas vezes .