O Dr. Fernando Nobre realmente não é político pois tem a ombridade de reconhecer os erros
É verdade que a entrevista do dr. Fernando Nobre ao Expresso não pode deixar de ser considerada
pouco brilhante e contendo erros primários : os da desvalorização do papel de deputado na Assembleia
da República e do condicionamento apriorístico da vontade dos eleitores, se limitassem a dimensão do
resultado no PSD .
Mas claro, o Gabinete de Informação e Propaganda socrático ( perante a performance do qual, se ainda
fosse vivo, Gobbels não seria mais do que um mero aprendiz de feiticeiro ) colocou de imediato em
funcionamento a sua " máquina trituradora ", desviando assim as atenções das mazelas próprias, bem
mais graves e permanentes .
Eis, porém, que o impensável no âmbito da política portuguesa aconteceu : o dr. Fernando Nobre teve a
ombridade de reconhecer que não tinha sido feliz na referida entrevista e - nobreza extrema - declarou
que efectivamente tinha proferido as declarações que lhe foram atribuídas .
Não se refugiou, como é praxe da paróquia, nas desculpas esfarrapadas de ter sido mal interpretado ou
de ter visto as suas declarações retiradas do contexto de forma abusiva .
Nada disso, apenas que não tinha sido feliz nas ideias expendidas, que as lamentava e que vinha corrigi-las .
Não há dúvida : o dr. Fernando Nobre realmente não é político ( pelo menos político português ) pois tem a
nobreza e a ombridade de reconhecer os erros em vez de os endossar permanentemente aos outros .