Carta ao FMI ? Não . Carta a Garcia !
Temos assistido ao longo da última semana ao espectáculo lamentável e deprimente do secretário-
geral do Partido Socialista, qual menino birrento, a pressionar o Primeiro-Ministro a apresentar de
imediato a carta para o FMI subsequente à finalização da 12ª avaliação ao Programa de Resgate .
Pressão que nunca existiu em relação às anteriores onze avaliações ao Programa nas quais as
cartas foram difundidas nos momentos previstos, só que nessa altura não havia eleições à porta ...
A pressão é mais uma manifestação da política rasteira que - aliás em todos os quadrantes - vem
grassando no nosso pobre país , contribuindo para o avançado descrédito de todo o espectro
partidário junto da população, cada vez mais desinteressada e descrente das virtualidades da
política .
Era altura, em especial por parte do PSD e do PS como partidos principais no "arco da governação"
e eventualmente também com o CDS-PP como partido residual nessa área, que a "carta" em debate
fosse outra que não a carta ao FMI .
Que carta então ?
A Carta a Garcia ( episódio durante a guerra entre os EUA e a Espanha, no qual o Presidente dos EUA
deu uma carta a Rowan para que a entregasse ao General Garcia, chefe dos rebeldes cubanos . Rowan
pegou na carta, nem sequer perguntou onde estava o general, pos-se a caminho, atravessou um país
hostil percorrendo montes e vales e só descansou após cumprir a missão . Cumpriu-a sem fazer perguntas
e executou-a com total autonomia revelando elevada capacidade de iniciativa e espírito empreendedor .
É o que hoje em dia se espera - ou, melhor dizendo, se exige - dos políticos portugueses no momento
difícil que Portugal atravessa ), actualizando-se apenas o destinatário, com manutenção dos objectivos
que levaram ao esforço insano da entrega no caso histórico .
Garcia seria assim o Povo Português, cansado de esperar e carente de esperança, ao qual os partidos
do "arco da governação" dirigiriam a carta comprometendo-se, em conjunto, superando as querelas
partidárias e colocando, PELA PRIMEIRA VEZ, o interesse nacional acima do interesse partidário, a actuar
de forma coordenada e responsável na busca das soluções de que Portugal urgentemente necessita .
Será pedir muito ?