O filme do costume : terminam os jogos, começam as desculpas

De quatro em quatro anos a cena repete-se de forma inevitável .

À partida os seleccionados estão na melhor forma de sempre e regressarão com uma mão cheia de medalhas ( capazes de extravazar até de uma única mão ) .

No regresso os apoios foram insuficientes e, desse modo, não era possível fazer melhor .

Ora a verdade é que o cerne da questão está muito longe de ser esse .

Há países nos quais os apoios do Estado são até inferiores aos que se verificam em Portugal e os êxitos não se comparam .

Há países com uma população equivalente à nossa e que alcançaram resultados que nos deviam envergonhar - Suiça, com 8,2 milhões de habitantes, 2 medalhas de ouro e 2 de bronze ; Áustria, com 8,6 milhões de habitantes, 1 medalha de ouro ; Bielorrússia, com 9,4 milhões de habitantes, 1 medalha de ouro e 2 de bronze ; Suécia, com 9,5 milhões de habitantes, 1 medalha de ouro e 1 de bronze ; Azerbeijão, com 9,6 milhões de habitantes, 3 medalhas de bronze ; Hungria, com 9,8 milhões de habitantes, 6 medalhas de ouro e 4 de bronze ( !!! ) ; Bélgica, com 9,8 milhões de habitantes, 2 medalhas de ouro e 2 de bronze .

O que haverá então a fazer ?

É simples : o Comité Olímpico Português e as diversas Federações deverão estabelecer critérios de selecção bastante mais exigentes .

Desse modo se evitará que na comitiva nacional sigam verdadeiros "excursionistas", "atletas" cujas performances são ridículas e mesmo chocantes .

Um exemplo :

* os "maratonistas" que se "exibiram" no Rio de Janeiro ficaram nuns brilhantíssimos 123º ( Rui Pedro Silva ) e 134º ( Ricardo Ribas ) lugares ;

* quando o vencedor da prova a terminou RPS encontrava-se a mais de sete quilómetros da meta e RR a dez quilómetros da meta ou perto disso ;

* se esses dois "atletas", em vez de participarem na maratona masculina, tivessem alinhado na maratona feminina RPS teria ficado no 18º lugar ( dois lugares atrás da Ana Dulce Félix ! ) e RR ocuparia um "saboroso" 50º lugar ( !!! ) .

Distribuam-se melhor os apoios do Estado ( que apresentam uma dimensão razoável, ainda mais se atendermos à conjuntura ), apertem-se fortemente os critérios de selecção e afastem-se dos Jogos Olímpicos os "excursionistas" .

Com essas medidas os resultados aparecerão ou, pelo menos,as performances dos "excursionistas" serão erradicadas .