Um Ac(b)ord(t)o Ortográfico que, em vez de unir, divide
No passado dia 11, no Mindelo, em Cabo Verde, o Presidente da República disse que "a língua portuguesa é um instrumento universal fundamental" para todo o espaço lusófono e "um trunfo essencial" no plano internacional .
Quanto à aposta na língua portuguesa argumentou que é do "interesse comum" do espaço lusófono e "já não é tanto de Portugal" .
E acrescentou ainda : "Sinto muitas vezes que ela é debatida um bocadinho de uma forma paroquial, pensando apenas em Portugal, quando a língua portuguesa tem hoje uma expressão muito maior na forma como se projecta nos outros países que integram a CPLP, muito mais do que através de Portugal" .
São afirmações às quais a prática não corresponde .
Para atingir objectivos tão vastos seria imperioso que o AO90 ( ou, como mais adequadamente eu costumo dizer : o Novo Ac(b)ord(t)o Ortográfico ) não tivesse visto a luz do dia ou que, uma vez erroneamente surgido, acabasse por ser revogado .
Realmente o AO90, seguido por alguns países da CPLP e recusado por outros, não uniformizou nada, antes pelo contrário .
E o Presidente da República que, numa primeira fase, PARECEU orientado para o reexame do mesmo, não tardou a "meter a viola no saco", não resistindo em especial ao defensor intransigente do AO90 que é o Ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva.